– Chico Buarque de Holanda
O simples assunto “mudança” causa calafrios em diversos profissionais. As razões que levam executivos, já de longa data, a temerem alterações no seu cotidiano são as mais diversas. E, na verdade, poderíamos ficar horas discutindo o mérito entre as vantagens de mudar e não mudar, entre os prós e os contras de cada tipo de mudanca e até os fatores que influenciam os mais diversos ângulos do processo.
A ansiedade traduz o medo do desconhecido que faz toda mudança parecer um monstro. Numa pesquisa rápida e informal que você faça com as pessoas com quem convive, pergunte o que acham de mudanças. A maioria, sem sombra de dúvidas, vai citar o medo do desconhecido como algo que os faz achar a mudança algo negativo. Tanto que é comum utilizarmos o verbo “sofrer” para dizer que houve uma mudança.
Veja: “o calendário deste ano sofreu algumas mudanças…”. Por isso, baixar o nível de ansiedade entre as pessoas da equipe é uma tarefa necessária no gerenciamento de mudanças. Em algumas situações, trabalhando a ansiedade você trabalhará a questão de poder simultaneamente.
O ideal é compreender, digerir e interiorizar que a mudança faz parte da realidade atual é na qual estamos profundamente mergulhados. A mudança de qualquer amplitude e seus possíveis efeitos influencia tanto nas organizações e nos resultados que são almejados, primeiro dos departamentos de recursos humanos e, depois, espalhando-se por todas as equipes da organização. Porque é natural que a mudança, seja onde for, afete todos dentro da organização de forma positiva ou negativa.
Essa preocupação incentivou diversos autores, a estudar profundamente o ambiente empresarial e suas equipes quando mudam, precisam mudar ou sofrem mudanças. Esses autores analisaram os processos e deram suporte conceitual para o que se chama hoje de gerenciamento de mudanças ou changing management.
Gerenciar as mudanças hoje é fundamental para reduzir os riscos de perdas de produtividade, confiança, auto-estima e outros traumas. Dentro desse processo de gerenciamento há a possibilidade de prever a mudança e planejá-la é por ser necessário mudar – ou mesmo atuar corretivamente num processo de mudança que não foi bem direcionado. O processo de gerenciamento de mudanças deve sempre buscar mudanças gradativas que possam ser planejadas em pequenos passos e em pequenas abrangências.
Por isso, existem algumas dicas a serem seguidas que podem proporcionar um controle maior sobre todo o processo. Entre as mais efetivas estão:
- Construir o suporte dos grupos-chave de poder, detectar grupos de pessoas que detêm o poder e gerenciar positivamente suas reações
- Utilizar o comportamento de líderes para gerar suporte isto é, fazer uso da força dos já líderes e colocá-los na participação do processo
- Definir pontos de estabilidade entre o “novo” e o “velho”. Deixar claro quais pontos não entram em conflito entre o cenário já existente e o que se quer construir.
Com esses pontos claramente identificados as condições de entrar na zona de estabilidade em todos os momentos que houver grandes problemas e confrontos, serão duplicadas.
A questão não está em mudar ou não. Está em como mudar. E a novidade é que gerenciar esse processo pode definir a utilização ou não do verbo “sofrer” para definir a mudança na sua organização.
Você não consegue se banhar duas vezes no mesmo rio,
pois outras águas e ainda outras sempre vão fluindo…
É na mudança que as coisas acham repouso…”
Heráclito