Por Benito Guidi
Com recorrência lemos artigos e assistimos a palestras e eventos dedicados à “Geração Y”. Nos dizem que eles serão os líderes do futuro, estão certos, os atuais se aposentarão! Dizem-nos que eles são multitarefas, que são imediatistas e que são empreendedores natos, movidos pelos desafios e muito, muito mais! Com certeza são o futuro da nação!
Eu pesquiso, convivo e trabalho com jovens há muitos anos e o que pude perceber é que estes jovens são jovens, como todos nós um dia fomos! O que difere é como estão sendo influenciados pelas novas tecnologias e pelos novos padrões de relacionamento.
O Facebook, o Twiter, o Youtube e as demais “redes sociais” são instrumentos e plataformas de comunicação baseados no aqui e agora, na distancia física, o foco total da interação dos que as utilizam é o presente, o que conta é o que acontece no momento, o que penso e sinto agora…
Tem uma leitura que considero obrigatória para quem quer entender este novo cenário, é o Livro do Nicholas Carr: “A Geração Superficial: o Que a Internet Está Fazendo Com Os Nossos Cérebros”. Este livro é extremamente rico de ciência e insights.
Vejam que interessantes estes dados de uma pesquisa publicados em um artigo no jornal Valor de 20 de novembro deste ano (pag. D3) que destaca que, entre os estudantes de MBA das melhores escolas do mundo, ficou evidente a dificuldade destes jovens em trabalhar em grupo: “apenas 7% destes jovens têm como uma forte característica saber trabalhar em equipe”. Interessante, não é? Nas redes sociais a interação se dá por si só, através de um computador ou smartphone, não é preciso olhar no olho, saber quando e como falar! E então, às vezes, trabalhar em grupo quer dizer competir.
E mais, dos entrevistados, “55% apresentam um menor equilíbrio emocional para enfrentar situações desgastantes”. E aqui vale aconselhar esta outra leitura replicada em um blog da UNICAMP.
Para mim está claro o quanto estas novas gerações têm seu foco de atenção, atuação e realização no presente. Raramente consigo perceber uma preocupação genuína com o legado! A geração Y parece não ter foco com o Continuum Temporal: “O que veio antes, porque isto é assim, como vai ser no futuro? O que vai ser deste projeto depois que eu terminar a minha atuação nele?” Tudo isto parece não importar!
Como nos posts do Facebook, o que importa é o que está no mural neste momento, o foco, mais do que nunca, está na aparência e na apreciação imediata! O resto parece não importar!
Neste contexto é evidente a importância do papel dos Gestores destes futuros líderes. É preciso amenizar esta volubilidade e conscientizar as novas gerações sobre a importância do contexto, sobre a importância de se preocupar com o legado que deixamos. A escola não faz mais este papel e a família também não! É preciso saber explicar a importância e inteligência do bom e velho ditado “semear hoje para colher os frutos amanhã”.
Como gestores perguntem a seus talentos e sucessores da Geração Y: “vocês querem aprender e criar algo novo, a como fazer a diferença ou querem aprender como serem reconhecidos imediatamente e crescer rapidamente?” Talvez não saibam lhe responder! E se não souberem, pensem nisto!
Benito Guidi é Mestre em Relações Internacionais pela Faculdade de Ciências Politicas de Siena (Itália), Especialista em Gestão do Conhecimento e Gestão de Talentos, Coach formado pelo Erickson College do Canadá, Pesquisador e Facilitador de Criatividade e Inovação.
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