Quando sentávamos para entrevistar alguém para o livro O sucesso tem fórmula?, após termos passado pelas cordialidades e o café ou chá serem servidos, invariavelmente a pessoa nos perguntava: “Antes de entrarmos nisso, eu preciso saber o que você entende por sucesso?”.
Balançávamos a cabeça e dizíamos: “Realmente gostaríamos de te dizer, mas você precisará esperar o lançamento do livro”.
A verdade é que eles estavam tocando em uma de nossas questões mais importantes: “Qual é a sua definição de sucesso?” era uma das primeiras perguntas que gostaríamos de fazer a todos os entrevistados e esperávamos obter algumas respostas incríveis.
E conseguimos!
Do nosso ponto de vista, os indivíduos que entrevistamos para este livro eram extremamente bem-sucedidos. Mas não foi por causa de alguma fórmula empírica que desenvolveram, e tampouco pela fortuna ou títulos que obtinham.
A maioria deles já estava no topo de seu jogo e o restante estava a caminho. Vinham de todas as áreas: negócios, esportes, política, entretenimento, e por aí afora. Mas o que tinham em comum era que, no momento em que os conhecia, você sabia que eles estavam fazendo exatamente o que deveriam estar fazendo. Alguns até obtiveram êxito muito além do que sonharam. Estavam no lugar certo, no momento certo, porque sabiam quem eram e jogavam com seus pontos fortes.
Admitimos que isso pode parecer mais que sutilmente subjetivo, e não há dúvidas de que é difícil medir mas as pessoas que encontramos iam além do padrão no que diz respeito a gostar do que fazem. Em alguns casos, até mesmo pediam desculpas por gostarem tanto do que estavam fazendo. Sentiam-se sortudos, abençoados, comprometidos, desafiados e sempre a espiar na esquina do futuro.
Compartilharemos com você o que aprendemos.
É preciso compreender, entretanto, que algumas definições de sucesso, assim como algumas das qualidades necessárias para alcançá-lo, podem parecer contraditórias. De fato, algumas são. Mas não tem problema. Não existe uma fórmula de sucesso para todos e, se é isso que você procura, somos as pessoas erradas para lhe responder. Podemos, entretanto, garantir-lhe: com certeza, existe um caminho que é o certo para você. E se puder aprender com os outros e reconhecer partes da sua história na história deles, acreditamos que será capaz de abrir as portas do seu próprio sucesso.
Isto posto, voltamos à questão inicial: O que é o sucesso?
Uma das definições mais clássicas de sucesso é de Rebecca Stephens, a primeira mulher britânica a escalar o Monte Everest.
Ela percebeu que alcançar o ponto mais alto da Terra era seu objetivo, após receber a incumbência de relatar a escalada da face noroeste da montanha mais alta do mundo de um grupo de alpinistas.
Naquele momento, ela não sabia nada sobre alpinismo, mas parecia ser uma tarefa interessante, e por isso aceitou. Isto aconteceu em 1989, e tudo que ela precisava fazer era recolher algumas histórias sobre como os alpinistas se preparam para a escalada. O que mais a impressionou foi a paixão que cada alpinista sentia pelo projeto de chegar ao topo do Monte Everest. “Inicialmente, eu me perguntei porque eles arriscariam a vida para subir estas pedras”, disse ela. Porém, logo percebeu que existia uma história maior por trás disso, e ligou para seus editores dizendo: “Eu gostaria de tentar responder à seguinte pergunta: Porque os alpinistas escalam?”.
Nesse momento, ela havia transposto sua função e já estava fazendo suas próprias perguntas. Então, se propôs a escalar até o primeiro acampamento para que pudesse descrever, em primeira mão, os efeitos de alcançar tal altitude. Ela disse: “Eu sabia que esta era a única forma de realmente entender o desejo que motivava estas pessoas”.
No livro, poderemos contar a você sobre o momento de definição de Rebecca e o que a levou a desafiar os elementos e a encarar a real possibilidade da morte, primeiramente no Monte Everest e, depois, na escalada do maior pico em cada continente. O mais importante em sua decisão de fazer a escalada foi perceber algo sobre ela mesma que até então não conhecia.
Foi revigorante! Foi esclarecedor!
Parte daquela realização tinha a ver com a Rebecca encontrando sua própria definição de sucesso. Para ela, “Sucesso era alcançar qualquer coisa que você tivesse se proposto a fazer. É você quem deve definir o que é, e isso não pode ser determinado por mais ninguém. O sucesso não é, certamente, o comumente definido por sociedades mercantis como a acumulação de riqueza. Se a riqueza acompanhar o seu sucesso, ótimo. Mas o dinheiro em si não é medida de sucesso”.
Talvez você tenha feito tudo o que podia para alcançar seu objetivo, entretanto obstáculos fora de seu controle o impediram de alcançá-lo. O tempo pode te impedir de chegar ao cume da montanha, o clima econômico pode de impedir de alcançar outro objetivo. Mas você ainda pode se considerar bem-sucedido se deu tudo o que tinha por aquilo, e se aprendeu alguma coisa no processo. Perceba, não é uma definição fácil, mas também não é impossível. É sobre traçar um objetivo e se conectar de forma completa para chegar até ele”.
Após quatro anos de treinamento intensivo, Rebecca ficou de pé no topo do mundo por 10 minutos. O cume, como ela descreve, é uma área muito pequena. É o ponto onde as três faces da montanha se encontram. Tem apenas 4,5 metros por 3 metros. Só isso. Você não dá um passo para trás quando tira uma foto. E também não há dúvidas de que tenha alcançado o topo.
Daquele local ela podia ver até a base da montanha, e ver tudo – seu passado, presente, e possibilidades. “E por aqueles 10 minutos”, disse ela, “aquela montanha era nossa. Era um sentimento mágico de solitude, ali onde tudo que você olhava era selvagem. Era extraordinariamente belo”.
Então, tinham que descer, rápido. Não havia tempo a perder. Era tudo uma questão de tempo. Eles tinham apenas seis horas de luz do dia, e tinham que usá-la com a máxima eficiência para conseguirem descer a montanha. Tiraram várias fotos rápidas e fizeram pegadas.
Escalar o Monte Everest significa sucesso para qualquer um. “Foi um desafio incrível. Certamente difícil. E requeria diligência constante”, explicou Rebecca. “Também requeria um enorme respeito pela montanha. Nunca persegui nada com a convicção com a que subi o Everest. Para mim, foi meia batalha ganha – se não mais. Para ter sucesso, primeiramente é preciso ter uma consciência muito precisa de si. Necessita ouvir sua voz interior para que você tenha coragem de perseguir um caminho que esteja de acordo com seus desejos. Quando se encontra isso, você tem o ímpeto para alcançar. Acredito que esse seja o segredo.”
Por Patrick Sweeney e Herb Greenberg, CEO e Fundador da Caliper.