Em um encontro de negócios na China costuma-se receber o cartão de visitas com as duas mãos e não guardá-lo imediatamente. Os árabes sentem como uma ofensa mostrar a sola do sapato em uma reunião formal ou informal. O cumprimento mais utilizado em um primeiro encontro entre maoris na Nova Zelândia é encostar narizes e testas. Italianos em geral transformam pequenos problemas em grandes discussões, sem necessariamente estarem aborrecidos com a situação.
O mundo globalizado e o contínuo esmorecimento de fronteiras têm trazido na bagagem o desafio de lidar com as diferenças culturais dos diversos povos mundiais. Desafio, porque desde os simples costumes diários até os formatos das grandes negociações precisam ser perpassados por diversas variáveis envolvendo o próprio perfil dos executivos, a educação, cultura e estilo de ação da companhia. E em meio a essas variáveis, multinacionais têm encontrado suas maiores dificuldades. Porque há a necessidade de miscigenar profissionais de diversas culturas nas equipes e departamentos, mas esses encontros nem sempre trazem os resultados esperados. E é estudando as variáveis que se alcança a possibilidade de gerenciar com maior eficácia esses fluxos.
Além de se ter como desafio a conquista da sinergia em equipes interculturais, as organizações deparam-se com um outro desafio, muito comum na atualidade: conquistar e manter líderes que realmente sejam capazes de congregar as diferenças culturais e transformá-las em diferencial competitivo.
Nesse volume de variáveis há de se organizar as informações e segmentá-las em tópicos para melhor entender e gerenciar as possibilidades.
A primeira variável que se deve analisar num profissional ou líder de equipe é o seu potencial. O potencial de um profissional independe de sua origem ou nacionalidade. Ele é intrínseco à pessoa e determina suas forças e pontos a desenvolver em comparação com os requisitos do lugar que ocupa. Essas características definem se o profissional se “encaixa” nos desafios da posição e se seus talentos serão bem aproveitados ali.
Algumas características que influenciam na liderança de equipes e podem influenciar na promoção do trabalho sinérgico em equipes interculturais são: a disciplina interna para se organizar e cumprir seus compromissos sem supervisão a empatia para se colocar no lugar dos outros componentes da equipe o nível de urgência que determina quão rápido o profissional busca o fechamento de determinada decisão e a sociabilidade que define o nível de satisfação em trabalhar com outras pessoas. Esses talentos em maior ou menor grau podem dizer o quanto o profissional será bem sucedido na liderança ou participação em uma equipe intercultural.
Outra variável é o comportamento do indivíduo. Esse, sim, é profundamente influenciado pela cultura, educação, nacionalidade, cargo ocupado e experiência. O profissional reflete no dia-a-dia o que absorveu em sua caminhada. E dentro disso traz para a equipe, ou mesmo para a organização, esse background.
É papel do líder influenciar e direcionar seus subordinados, desenvolver relacionamentos entre eles, resolver problemas e tomar decisôes, além de servir como exemplo de organização e administração do tempo.
Os talentos que já falamos poderão ajudar os líderes a lidar com as diferenças de comportamento. Mas a comunicação bem desenvolvida entre a equipe, o exercício e desenvolvimento de empatia entre os integrantes e a sensata condução dos problemas que advirem das diferenças comportamentais serão os divisores de água entre uma equipe que não se entende por causa das suas diferenças ou de uma equipe que, exatamente por causa de suas diferenças, realiza um show de desempenho.