Por Alanna Harrington, Consultora de Pesquisa Sênior
A contratação baseada em habilidades é uma abordagem que avalia candidatos com base em suas competências, em vez de diplomas ou outros critérios tradicionais. Essa abordagem tem ganhado destaque nos últimos anos, em parte devido à alta demanda por talentos com habilidades digitais específicas. Essa estratégia é especialmente útil para contratações de nível inicial, onde os candidatos podem ter experiência profissional limitada. Focar mais nas capacidades relevantes para o trabalho, em vez do que está no currículo, pode ser extremamente benéfico ao contratar jovens talentos. No entanto, é importante considerar a abordagem com uma perspectiva estratégica e não apenas como uma tendência. Aqui estão algumas práticas recomendadas e coisas a evitar ao usar uma abordagem baseada em habilidades para contratar novos profissionais.
01. O que fazer: Avalie cuidadosamente as habilidades necessárias
Antes de iniciar qualquer iniciativa de contratação baseada em habilidades, é essencial identificar as competências e habilidades mais importantes para os cargos que você está contratando. Por exemplo, a resolução de problemas é mais importante do que a proficiência técnica? A colaboração é mais relevante que conquistas individuais? Definir esses critérios previamente ajudará a construir um processo de contratação eficaz que reflita os requisitos reais do trabalho. Além disso, ter um framework comum para os cargos auxilia na consistência, especialmente em um contexto de carreira inicial, onde candidatos podem se candidatar a várias vagas na mesma organização ou a programas de treinamento rotacional.
O que evitar: Não complique demais
Com a transição para a contratação baseada em habilidades, pode haver uma tentação natural de descartar todos os frameworks de competências anteriores e começar do zero. No entanto, vale lembrar que habilidades e competências não são abordagens completamente diferentes. Enquanto as habilidades são capacidades aprendidas e aplicadas, como codificação ou design gráfico, as competências são conjuntos mais amplos de comportamentos que contribuem para o desempenho no trabalho. Ambos enfoques objetivam identificar o candidato ideal com base em critérios relevantes para o trabalho. Portanto, evite se prender a terminologias perfeitas ou tentar avaliar cada habilidade específica que você identificou como importante. Em vez disso, foque nos comportamentos fundamentais que sustentam essas habilidades.
02. O que fazer: Considere habilidades transferíveis
As habilidades estão evoluindo rapidamente. Segundo o Fórum Econômico Mundial, 44% das habilidades dos trabalhadores serão alteradas nos próximos cinco anos, com habilidades cognitivas, criativas, resiliência e agilidade ganhando maior importância. Por isso, faz mais sentido adotar uma visão mais holística sobre os candidatos – considerando habilidades e competências transferíveis que podem prever o desempenho em diversos contextos e indicar a capacidade de aprender novas habilidades. Habilidades como comunicação, influência e pensamento crítico continuam relevantes, independentemente das mudanças nos requisitos dos cargos.
O que evitar: Não se esqueça do aprendizado e desenvolvimento
Embora focar em habilidades transferíveis e no potencial de aprendizado seja uma ótima estratégia de contratação, isso não terá impacto se os indivíduos não tiverem a oportunidade de aprender ou aplicar essas habilidades no trabalho. Pesquisas recentes da Talogy mostram que gerentes de contratação enfrentam desafios para oferecer oportunidades de aprendizado adequadas a novos profissionais. Oportunidades de desenvolvimento são o terceiro fator mais importante para jovens profissionais ao escolherem uma empresa. Garanta que suas estratégias de contratação e desenvolvimento estejam alinhadas para que os novos contratados possam adquirir e aprimorar as habilidades necessárias, aumentando a atratividade da sua organização.
03. O que fazer: Use essa abordagem para impulsionar a diversidade
Embora a pesquisa acadêmica sobre o impacto da contratação baseada em habilidades na diversidade ainda seja limitada, estudos comerciais sugerem benefícios promissores. Dados do LinkedIn (2023) mostram que abrir vagas para candidatos sem diploma pode aumentar o número de candidaturas em até 9%. Em setores onde as mulheres estão sub-representadas, essa abordagem pode aumentar a proporção de candidatas em até 24% mais do que para homens. Já a IBM, em 2021, observou que a contratação baseada em habilidades aumentou a diversidade em diferentes níveis organizacionais.
O que evitar: Não dependa exclusivamente dessa abordagem
Não basta adotar a contratação baseada em habilidades e esperar que isso atraia automaticamente um grupo diverso de candidatos. Considere outros fatores que podem limitar o apelo da sua organização para certos grupos demográficos. Sua empresa possui um compromisso claro com diversidade, equidade e inclusão? Esses grupos estão representados em cargos de gestão e executivos? Para que a abordagem seja eficaz, é fundamental garantir diversidade e equidade também nos processos organizacionais e na cultura, promovendo a retenção de talentos diversos e um clima de inclusão.
Aprimore a contratação de jovens talentos com base em habilidades
A contratação baseada em habilidades é uma ferramenta poderosa, mas não é uma solução mágica para todos os desafios ao contratar jovens profissionais. Combine essa abordagem com uma estratégia clara de atração de talentos, um robusto programa de aprendizado e desenvolvimento, e um compromisso real com diversidade. Assim, você pode construir uma força de trabalho preparada para os desafios de hoje e para o futuro.
Em resumo, desenvolva um plano estratégico para focar mais em habilidades e competências nas contratações, mas não espere milagres dessa abordagem sozinha. A competição por talentos qualificados é intensa, e você precisará de outras ferramentas para atrair e reter profissionais que sejam adequados ao cargo e à organização.
