
Escrito por Rachel Schremp, Senior Consulting Associate
Funcionários boomerang — quem são eles? De onde vieram? E como podemos garantir que estamos tomando a decisão certa ao recontratar um funcionário boomerang — ou seja, quais são os prós e contras?
Essas são todas perguntas válidas, e embora não seja um tema novo, está se tornando um tópico “boomerang” — trocadilho intencional — pois voltou a surgir como uma discussão relevante no mundo da psicologia organizacional e aquisição de talentos atualmente. Dito isso, vamos explorar quem são esses profissionais, o que eles trazem para a empresa e quando é preciso ter cautela.
O que são funcionários boomerang?
O que — ou mais precisamente, quem — são os funcionários boomerang é simples. Funcionários boomerang são indivíduos que saíram voluntariamente de uma organização anterior e decidiram retornar após um período fora. Eles podem ter saído em busca de uma oportunidade considerada melhor em outra empresa ou talvez por razões pessoais.
Mas o que está causando o fenômeno dos funcionários boomerang? Diversas fontes indicam que os profissionais estão retornando às suas organizações anteriores após a Grande Renúncia, durante e imediatamente depois da pandemia de COVID-19. Alguns relataram que estavam melhores em suas antigas empresas e foram um pouco precipitados ao decidir sair.
Os funcionários boomerang buscam retornar por diferentes motivos, incluindo estabilidade no trabalho, familiaridade com as atividades realizadas e o desejo de voltar a trabalhar com bons gestores. A Harvard Business Review também descobriu que as novas empresas nem sempre entregavam o que prometeram durante o processo de contratação, levando à decisão de retornar.
Como os funcionários boomerang ajudam as empresas?
Na prática, existem diversos benefícios em recontratar ex-colaboradores. Abaixo estão quatro formas pelas quais os funcionários boomerang ajudam as organizações:
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Fortalecem o senso de lealdade dentro da organização.
Pode parecer contraditório à primeira vista, já que esses profissionais escolheram sair inicialmente. Mas, ao retornarem, como citado pela Forbes, estão essencialmente dizendo: “este é um ótimo lugar para trabalhar.” O fato de terem saído e voltado diz algo, e seus colegas também percebem isso. O retorno sinaliza uma cultura positiva, o que pode, por sua vez, incentivar outros colaboradores a permanecer. -
Trazem novas percepções e aprendizados de suas experiências.
Quando bem utilizado, o feedback desses profissionais pode servir para melhorar a empresa. É provável que falem sobre as experiências que tiveram em outras organizações, incluindo processos de integração, estilos de comunicação eficazes e informações sobre remuneração e benefícios em alta no mercado. Se essas experiências foram positivas, basta ouvir e analisar o que pode ser incorporado ao ambiente atual. -
Tendem a se adaptar muito mais rápido do que um novo contratado.
Os funcionários boomerang já conhecem a organização e costumam pegar o ritmo mais rapidamente, mesmo que retornem para outra função ou departamento. Se estiverem voltando para o mesmo cargo, podem precisar se atualizar em relação a algumas mudanças, mas, de forma geral, a curva de aprendizado é muito mais curta. Isso permite que voltem a ser produtivos mais rapidamente. -
Costumam apresentar desempenho superior ao dos colegas.
Por terem saído e decidido voltar, os níveis de satisfação e comprometimento organizacional são maiores e tendem a superar os dos demais. Perspectivas externas e novas experiências podem ser fortes motivadores, especialmente ao perceber que “a grama nem sempre é mais verde do outro lado.”
Quais são os riscos de recontratar um funcionário boomerang?
Assim como quase tudo na vida, existem riscos potenciais ao recontratar um ex-colaborador. Nem tudo são flores e transições perfeitas. Por isso, as empresas podem vivenciar os seguintes desafios:
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As expectativas podem não ser atendidas.
Durante a ausência, a organização pode ter passado por mudanças que o funcionário boomerang não esperava enfrentar ou às quais não consegue se adaptar. Ele pode esperar que a cultura e a estrutura sejam as mesmas de quando saiu, o que pode gerar decepção ao retornar. Isso pode ser ainda mais verdadeiro se a equipe original tiver sido alterada ou desfeita. -
Perspectivas novas podem não surgir.
Apesar de já conhecerem a empresa, funcionários boomerang podem não trazer as inovações ou novas ideias que a organização esperava para impulsionar mudanças. -
Pode haver ressentimento.
Embora a maioria dos colegas veja o retorno como um bom sinal de cultura organizacional, pode surgir ressentimento caso o funcionário boomerang seja recontratado com um salário ou cargo superior.
Como garantir um bom retorno sobre a recontratação?
Recontratar um ex-colaborador pode gerar grandes benefícios, mas alguns pontos precisam ser considerados durante o processo de contratação e integração. Primeiro, é fundamental comunicar claramente o que mudou desde que o profissional saiu. Isso inclui entender os motivos da saída original e se esses pontos foram resolvidos desde então. Também é preciso atualizá-lo sobre mudanças ocorridas, como alterações na equipe, políticas e outros processos.
Além disso, é importante alinhar as expectativas. Como mencionado, o funcionário boomerang pode esperar que tudo esteja igual ao voltar. Definir essas expectativas logo no início do processo de recontratação será essencial para garantir um retorno tranquilo e bem-sucedido. Também será importante informar a equipe original sobre a recontratação, para que estejam preparados e eventuais questões de dinâmica possam ser resolvidas antecipadamente.
Funcionários boomerang: uma relação ganha-ganha
Assim como em qualquer decisão empresarial, é fundamental entender bem os prós e contras de recontratar um funcionário boomerang. Nesse caso, provavelmente haverá mais benefícios do que desvantagens se a saída foi voluntária e o desejo de retorno é genuíno. Existe um equilíbrio a ser considerado e etapas a seguir para garantir que os pontos positivos superem as possíveis dificuldades. Quando feito corretamente, a organização colherá os frutos de um profissional que já conhece a empresa, terá uma curva de aprendizado mínima e realmente quer estar ali.
Sobre a autora:
Rachel Schremp é Senior Consulting Associate na Talogy. Possui mestrado em TESOL e mestrado em Psicologia Industrial/Organizacional pela Southeast Missouri State University. Rachel tem ampla experiência e interesses em áreas como treinamento, desenvolvimento de liderança e cultura organizacional. Na Talogy, ela gerencia programas de desenvolvimento de talentos para clientes e apoia na seleção de candidatos com o fit ideal. Colaborar com os outros e liderar iniciativas para fomentar uma cultura positiva são atividades que lhe permitem exercitar sua criatividade e habilidades sociais, duas coisas que ela busca praticar sempre que possível.