Escrito por Ali Shalfrooshan, Head de P&D em Assessment Internacional
‘Microagressões’ é agora um termo comumente usado no mundo da DEI. No entanto, às vezes é mal compreendido ou até mesmo ridicularizado, já que a palavra ‘micro’ é tipicamente usada para descrever algo incrivelmente pequeno. E embora isso seja verdade, o termo na verdade fala de um problema mais difundido e maligno, que pode permear as culturas organizacionais despercebidas. O que pode ser percebido como quase benigno para alguns, pode ter um impacto negativo significativo sobre outros.
O que são microagressões?
O termo microagressão foi cunhado pela primeira vez em 1974 por Chester Pierce, um proeminente psiquiatra treinado em Harvard. O termo foi usado para ajudar a descrever atos de preconceito encobertos e mais ambíguos, algo que ele acreditava estar se tornando mais comum na sociedade.
Nos últimos anos, o termo teve um crescimento significativo em popularidade. Isso provavelmente reflete onde estamos na sociedade moderna, onde o racismo explícito agora é visto como socialmente inaceitável. No entanto, como muitas minorias podem atestar, exibições mais sutis de preconceito ainda persistem tanto na cultura quanto no trabalho.
As microagressões podem ser exibidas fisicamente usando linguagem corporal, verbalmente em como algo é dito ou não dito, e em ação pelo que é feito ou não feito. E geralmente são exibidas de forma subconsciente. Na verdade, a natureza insidiosa das microagressões significa que uma vítima pode se sentir parte de um grupo externo, mas pode achar difícil até verbalizar exatamente o que foi feito.
Alguns exemplos específicos de microagressões incluem:
- – Interromper a fala de alguém e não ouvir o que ele têm a dizer
- – Dizer persistentemente o nome de alguém de forma incorreta e não tentar corrigir
- – Compartilhar visões que podem refletir estereótipos
- – Fazer suposições sobre as habilidades de alguém com base em estereótipos
Que desafios as microagressões criam?
Em minha opinião, apesar de o termo ser útil, a palavra ‘agressão’ pode não refletir as intenções do perpetrador e também pode impedi-los de aceitar que já foram responsáveis por isso. A realidade é que todos nós podemos ter sido perpetradores de uma microagressão de alguma forma, já que o ato em si é sutil e geralmente bem-intencionado.
O desafio é que as microagressões são tipicamente perpetuadas de forma mundana e automática, com o indivíduo muitas vezes completamente inconsciente de como se comportou e seu impacto. Isso torna mais difícil ver quando isso acontece e como abordá-lo. Para complicar o problema, indivíduos também podem reagir negativamente ao próprio termo microagressão. Portanto, tentar abordá-lo requer sutileza e uma mudança geral em nosso comportamento.
Como abordar as microagressões no ambiente de trabalho?
A boa notícia é que os fundamentos para mitigar as microagressões no trabalho se resumem a ser respeitoso com os outros e estar disposto a reconhecer como suas ações podem fazer os outros se sentirem. Para abordar isso adequadamente, mais mudanças estruturais e ação por parte da liderança precisam acontecer.
No entanto, existem alguns comportamentos críticos que todos na organização podem adotar para ajudar a abordar essa questão. O primeiro e mais fundamental passo sendo a aceitação e apreciação de que este é um problema genuíno que precisa ser abordado. Precisamos ficar conscientes e atentos para então sermos capazes de enfrentar o problema. Se a liderança comunicar e realmente acreditar nisso, a probabilidade de sucesso só aumentará.
Abaixo estão três comportamentos úteis para todos os colaboradores praticarem:
1. Desenvolver empatia: Se você entender o ponto de vista de alguém, é mais provável que você se torne consciente do que afetará ou não alguém de forma negativa.
2. Aumentar a orientação para aprendizagem: Se você estiver disposto a aprender mais sobre outras pessoas, será mais provável que entenda de onde estão vindo e como é experimentar o mundo a partir de suas perspectivas.
3. Ter mente aberta: Reconheça que as suposições – apesar de úteis às vezes – podem nos impedir de ver o mundo de forma mais objetiva. Estar disposto a não fazer muitas suposições pode fazer uma grande diferença.