Escrito por Vicki Bauer, Gerente de Marketing de Conteúdo
Muitos de nós já passamos por isso. O som de notificação de um e-mail de trabalho ou o nome do seu gerente piscando na tela do celular após o expediente. Seja interrompendo o happy hour, o jantar com a família ou aquela maratona da série tão esperada, a verdade é que isso é uma interrupção. Pode ser algo inofensivo, que consuma apenas alguns minutos do seu tempo, ou pode exigir que você se afaste completamente do que estava fazendo, encontre um lugar tranquilo e abra o laptop. A frequência com que isso acontece depende da sua área de atuação e do tipo de trabalho que você realiza. Contudo, se você mora em um país onde a legislação do “direito de se desconectar” foi aprovada, essas incômodas interrupções fora do horário de trabalho podem se tornar coisa do passado.
O que é o direito de se desconectar?
O direito de se desconectar dá aos empregados a possibilidade de ignorar comunicações relacionadas ao trabalho fora do horário de expediente sem colocar em risco sua segurança no emprego ou gerar descontentamento do gestor. Ele foi criado para proteger os trabalhadores da pressão de atender a chamadas ou responder a e-mails antes ou depois do horário oficial de trabalho. Ontário (Canadá) e Austrália são alguns dos locais mais recentes a implementar essa legislação, seguindo os passos de países como França, Portugal, Espanha, Argentina e Peru. Embora as regulamentações variem de país para país, essa legislação representa um avanço na criação de limites mais claros para os trabalhadores, promovendo um equilíbrio mais saudável entre vida profissional e pessoal.
As vantagens de se desconectar
A razão pela qual o direito de se desconectar tem ganhado força nos últimos anos está relacionada à evolução da tecnologia, que tornou o trabalho acessível 24 horas por dia, 7 dias por semana. Com isso, as linhas entre casa e trabalho começaram a se misturar, causando impactos negativos como o burnout. Não só os funcionários estão mais acessíveis fora do expediente, mas há também múltiplos canais para contatá-los. Essa realidade impõe uma pressão no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, fundamental para o bom desempenho e o tempo necessário para descansar e recarregar as energias.
3 benefícios do direito de se desconectar
Alguns dos benefícios mais conhecidos de desconectar após o fim do expediente incluem:
1. Minimizar o burnout
A necessidade de estar constantemente “disponível” pode rapidamente levar ao esgotamento. Os trabalhadores precisam de oportunidades para recarregar as baterias ou aliviar o estresse, sem sentir que estão sempre “de plantão”. Isso resulta em uma força de trabalho mais focada e energizada.
2. Melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal
A tecnologia trouxe muitas conveniências, mas também dificultou a separação entre vida pessoal e trabalho. Tomar pequenas atitudes, como desligar as notificações de e-mails ou desativar alertas de mensagens instantâneas, já é um passo para um equilíbrio mais saudável. Com o direito de se desconectar, os funcionários tendem a se sentir mais confiantes de que essas ações não terão consequências negativas.
3. Bem-estar do funcionário
Embora algumas pessoas vivam para trabalhar, a maioria trabalha para viver. É importante sentir que se pode ir ao cinema, participar de uma corrida ou assistir ao recital de piano do filho sem que o trabalho atrapalhe esses planos. Quando os funcionários sabem que podem se desconectar totalmente, eles conseguem cuidar de aspectos importantes do bem-estar pessoal, tornando os momentos fora do trabalho mais prazerosos. Isso resulta em trabalhadores mais felizes e produtivos durante o expediente.
O futuro do direito de se desconectar
Mesmo que você não viva em um país ou região onde o direito de se desconectar seja lei, as organizações podem adotar práticas internas para implementá-lo. Antes de entrar em contato fora do horário comercial, gestores podem se perguntar: “Isso impacta a segurança dos funcionários ou da infraestrutura se não for resolvido agora?” Criar uma cultura que valorize verdadeiramente o tempo dos funcionários é um passo importante.
Como uma iniciativa relativamente nova, ainda existem questões não resolvidas sobre o direito de se desconectar, como a forma de aplicar essas diretrizes de maneira eficaz e se os funcionários realmente se sentirão protegidos por elas. Apesar dos desafios iniciais, o direito de se desconectar tem avançado especialmente na Europa, com discussões preliminares nos Estados Unidos. Mesmo que nenhuma autoridade exija sua implementação, as empresas que forem proativas e incorporarem aspectos dessa prática terão um impacto positivo na vida de seus funcionários.
Ao adotar o direito de se desconectar, as organizações podem construir um ambiente mais saudável e produtivo, onde os trabalhadores se sintam valorizados e respeitados – dentro e fora do expediente.